A gestão da segurança alimentar nos materiais de embalagem destinados a géneros alimentícios deve ser avaliada através de duas perspetivas. Por um lado a embalagem deve ser capaz de manter as características físicas, químicas, microbiológicas e organoléticas dos produtos durante a sua vida útil; por outro lado, o material de embalagem deve ser suficientemente inerte para evitar que substâncias nocivas sejam transferidas para os alimentos em quantidades que possam representar um perigo para a saúde humana, provocar alterações inaceitáveis da composição dos alimentos ou provocar uma deterioração das características organoléticas do produto.
Neste sentido o referencial IFS Food 7, publicado em outubro de 2020, introduziu várias alterações para a gestão adequada de materiais de embalagem, na qual no capítulo 4. “Processos operacionais”, foram incluídos requisitos (Pontos 4.5.1. e 4.5.3) mais detalhados em relação ao material de embalagem: certificados de conformidade, ensaios de adequação para as condições de uso pretendidas, controlo de conformidade com os requisitos do cliente, etc.
O requisito define que com base na análise de perigos, avaliação dos riscos associados e uso pretendido, a empresa deve definir os parâmetros-chave para os materiais de embalagem com especificações detalhadas em conformidade com a legislação em vigor e outros perigos ou riscos relevantes. A empresa deve avaliar e verificar a adequação do material de embalagem como unidade de consumo para cada teste/análise de produto relevante, como:
- Ensaios organoléticos.
- Teste de armazenamento.
- Análises químicas.
- Teste de migração.
Para a gestão adequada dos materiais de embalagem, apresentamos algumas soluções:
Declaração de conformidade:
Serviço de consultadoria para avaliar se a declaração de conformidade do material de embalagem cumpre com as exigências regulamentares ou guias de referência, de acordo com o tipo de material, o alimento a acondicionar e as condições de utilização pretendidas.
Testes de migração:
A migração é a transferência de substâncias químicas de materiais em contacto com alimentos para os alimentos, tendo em conta o alimento a acondicionar e as condições de utilização pretendidas.
Os laboratórios da Mérieux NutriSciences têm amplo conhecimento e experiência tanto sobre os requisitos regulamentares, guias de referência, bem como a metodologia analítica mais adequada a utilizar para realizar os ensaios de migração e ensaios específicos, para além de compreender a química dos materiais envolvidos.
Para os materiais plásticos, o Regulamento (UE) n.º 10/2011, estabelece dois tipos de limites de migração:
- A migração global (MG) determina eventuais migrações de todos os constituintes não voláteis do material. No âmbito da análise de riscos sugerimos verificar o cumprimento do requisito mínimo legal: LMG<10 mg/dm2.
- A migração específica (ME) baseia-se na determinação específica da migração das substâncias, aditivos ou monómeros adjuvantes do material, declarados pelo seu fornecedor de material de embalagem, que tem por base estudos toxicológicos.
Para avaliar a conformidade da migração específica, das substâncias declaradas, podemos realizar o ensaio de migração no material de embalagem de acordo com o alimento e reais condições de uso, ou realizar o estudo de migração no alimento em fim de vida útil, dependendo da matriz do alimento.
Testes de Screening:
- Screening NIAS: Os testes de screening permitem a identificação de Substâncias Não Intencionalmente Adicionadas (NIAS), ou seja, substâncias que não estão declaradas na declaração de conformidade. Os NIAS não são constituintes ou aditivos funcionais da embalagem, mas substâncias originárias dos polímeros e resultantes da sua degradação ou de impurezas presentes na matéria-prima.
Este método é também um suporte válido particularmente quando a composição exata dos materiais de embalagem é desconhecida. - Avaliação do efeito set-off: O set-off é a transferência mecânica da tinta, ou alguns componentes da tinta, de uma superfície impressa (que não está em contacto direto com os alimentos) para a superfície destinada a entrar em contacto com os alimentos. Os laboratórios da Mérieux NutriSciences elaboraram e desenvolveram diversos protocolos analíticos para avaliar a transferência de substâncias de superfícies impressas para as superfícies em contacto com os alimentos. A longa experiência neste campo e a disponibilidade de ferramentas de última geração constantemente atualizadas, permitem que os clientes avaliem este aspeto complexo relacionado com a segurança dos materiais em contacto com alimentos, especialmente quando há pouca informação sobre a composição das tintas utilizadas.
Migrações organoléticas
Os materiais de embalagem que vão entrar em contacto direto com os produtos alimentares devem garantir que os alimentos continuarão inócuos, mantendo as suas características sensoriais próprias, não adquirindo nenhum odor ou flavor atípico. A transferência de compostos de efeitos indesejados nas propriedades organoléticas dá-se frequentemente em pequenas quantidades, muitas vezes abaixo dos limites de deteção dos métodos analíticos, pelo que é necessário realizar a avaliação sensorial.
Para avaliação da transmissão do sabor para o alimento, no caso de materiais de embalagens, utilizamos normas específicas de acordo com o tipo de material, o alimento e as condições (tempo e temperatura) de contacto:
- ISO 13302:2003 Sensory analysis. Methods for assessing modifications to the flavour of foodstuffs due to packaging.
- DIN 10955:2004 Sensory Analysis. Testing Of Packaging Materials And Packages For Foodstuffs.
- EN 1230-1:2009 Paper and board intended to come into contact with foodstuffs. Sensory analysis. Part 1: Odour.
Colocamos à sua disposição o nosso conhecimento, experiência e capacidade de trabalho, para validar a conformidade do material de embalagem que irá entrar em contacto com o seu alimento.